Jovem autista é morto por policiais em Salvador, gerando comoção na comunidade
Na tarde da última segunda-feira (22), Marcus Vinicius Alcântara, um jovem de 26 anos com diagnóstico de autismo, foi morto a tiros em Salvador, Bahia. Segundo relatos de moradores, a vítima se assustou com uma ação policial na área e, ao tentar fugir, foi alvejado por agentes da Rondesp BTS. A Polícia Militar informou que foi chamada após uma troca de tiros entre facções criminosas e alegou ter encontrado Marcus já ferido.
A morte de Marcus gerou grande comoção na comunidade local. Moradores organizaram manifestações logo após o incidente e expressaram à TV Bahia que o jovem não tinha nenhuma ligação com atividades criminosas. Uma vizinha, que preferiu não se identificar, afirmou: “Ele não era envolvido. Era apenas uma criança. Ele ficou assustado e saiu correndo.” Outro morador relatou que avisou os policiais sobre o estado mental de Marcus, mas os agentes teriam desconsiderado o aviso, levando o corpo do jovem diretamente para a viatura.
Maria do Carmo, mãe de Marcus, descreveu em entrevista à TV Bahia que seu filho era uma pessoa religiosa, gostando de orar e frequentemente visto com uma Bíblia e um microfone em mãos. “Essas eram as coisas que ele gostava. Orava dentro de casa e para as pessoas”, contou a mãe, ressaltando também que familiares e amigos o consideravam um jovem caloroso e querido.
O caso está sob investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Estatísticas recentes indicam que a morte de Marcus não é um caso isolado. Entre 2023 e 2024, a Polícia Militar da Bahia registrou mais mortes do que todas as polícias dos Estados Unidos juntas, apesar de o estado ter apenas 5% da população americana. O levantamento aponta que as vítimas mais comuns nessas operações são homens negros, jovens e moradores de comunidades periféricas.
Uma análise realizada pela Intercept, com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, examina 150 casos de letalidade policial entre os anos de 2009 e 2023, totalizando 246 mortes. O estudo revela que a Rondesp foi responsável por 47% dos assassinatos registrados, seguida pela Cipe, com 28%, e pelo Bope, com 12%.









